Em 2016, a coordenação do Projeto de Segurança Alimentar reconheceu a necessidade de promover uma melhora da comunicação com as famílias dos agricultores para identificar os possíveis fatores dificultadores para a adesão às tarefas propostas para o sucesso do plantio e das criações. Para isso, seria importante estreitar os laços com as esposas dos agricultores.
Ao fazer o levantamento inicial, a psicóloga Janice Fachini constatou
que as mulheres ribeirinhas faziam dupla ou tripla jornada regularmente. Além de manter os cuidados diários com as famílias, trabalhavam nas lavouras com os maridos e também na produção de farinha de mandioca com as filhas. Apesar da intensa rotina de trabalho, essas mulheres não obtinham uma renda pessoal. Diante do fato delas não terem perspectivas de melhora e mostrarem o desejo de encontrar novas oportunidades, identificou uma necessidade de planejar uma forma de apoiar e estimular o desenvolvimento feminino na região.
As mulheres são reconhecidamente importantes agentes de transformação social e multiplicadoras em potencial. Pensando em como abordar estrategicamente as múltiplas questões identificadas, Janice propôs um trabalho junto às mulheres no formato de oficinas de artesanato. Esta iniciativa viabilizaria um espaço de escuta e observação das dinâmicas familiares para atender a necessidade do Projeto de Segurança Alimentar, mas teria como objetivo central oferecer para às esposas e filhas dos agricultores uma possibilidade de ampliar as perspectivas pessoais através da aprendizagem e do desenvolvimento de novas habilidades manuais com potencial gerador de renda através da comercialização dos seus produtos.
Além do projeto providenciar o material fixo como máquinas de costura, aviamentos e tecidos, promoveu a ministração regular de aulas sobre diferentes técnicas de execução e aperfeiçoamento dos trabalhos. As oficinas de capacitação em costura e outras habilidades manuais foram evoluindo através das diferentes fases de aprendizagem e desenvolvimento e os grupos de mulheres, que neste momento já eram conhecidas como Artesãs do Maró. Com o engajamento das mulheres nas atividades e as produções mais organizadas, a iniciativa cresceu e conquistou independência do Projeto de Segurança Alimentar. Foi assim que surgiu o Projeto de Capacitação para o Empreendedorismo Feminino.
Após quatro anos, este Projeto obteve os seguintes resultados:
As mulheres artesãs possuem sede própria em duas comunidades e em uma delas está funcionando uma pequena confecção de uniformes escolares para atender a demanda local. Até então, as famílias compravam os uniformes das crianças na cidade. Outra comunidade se especializou na confecção de tapetes artesanais feitos com uma técnica muito tradicional na região e vende para os passageiros dos barcos de linha.
As mulheres empreendedoras, que agora já têm recursos próprios para reinvestir nas produções, relatam satisfação pessoal em relação aos diferentes ganhos obtidos, tanto materiais quanto imateriais, e planejam variar as técnicas e os produtos, ampliando assim suas criações. Inicialmente voltado apenas para as esposas e filhas dos agricultores do Projeto de Segurança Alimentar, atualmente o Projeto de Capacitação para o Empreendedorismo Feminino estimula indiretamente outras mulheres das comunidades através do exemplo e da multiplicação dos conhecimentos das artesãs, que já são procuradas como referências pelas que também querem aprender.
Um Centro de Capacitação e Facilitação foi construído na comunidade Prainha do Maró, pela localização estratégica dessa comunidade. Este consiste de módulos, e portanto não é uma construção única. Foram construídas a Casa de Farinha mecanizada, a Marcenaria e a Cozinha Comunitária que tem anexo um galpão para reuniões e foram organizados os espaços e máquinas para as Oficinas de Costura.
Copyright 2022 - ALTO ARAPIUNS - PROGRAMA ALTO ARAPIUNS DE DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL. Todos os direitos rerservados.